O meu país está cinzento. Com manchas de outros cinzas. 10%. 60%. 30%. As sombras já não o são e não passam de uma recordação. Quem manchou tão lindo preto de uma ligeireza de cão?
O meu país está molhado. Lágrimas ou lá que é. Ou algo mais. De suor é que não. Só lágrimas. Ou então, um suor muito triste. Não, deverão ser lágrimas concerteza. Concerteza que serão!
Serão? Lágrimas, isto é? O que é uma lágrima? A lágrima só o é quando sai do olho? Até lá, já o será? E depois, o que é?
O meu país está diferente. Cheio de gente. Sei lá porque. Muita gente. Fazem barulho. E criam entulho. Daquele, do intelectual. "Coisa e tal". Disso não sei muito, porque não tenho. Sou muito, muito banal.
O meus país está almariado. Pobre coitado. Deve ser do cinto, que aperta até ao osso. Arre cão, que não te dou! Já tiveste muito que comer. Põe-te a andar, senão vais ver!
O meu país cá continua. E eu na roda dentada, à bulha. Sempre a encher. Sempre a complicar. Quem disse que a Rainha ia nua?
O meu país já não "s'alavanta". Mas pra quê? É prá Santa? É que os da casa não fazem milagres, mas que lá os há e muitos há, os alarves.
O meu país já não encanta. E porque é que não há nada que eu consiga querer fazer para colorir isso?
Mas ao menos, o meu país assim já não ilude. E eu já não sonho. Viajo.
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