Monday, February 04, 2008

O vento do descontentamento

Por onde ando, que não me conheço?
As ruas estão vazias. Totalmente desertas. Até o som as abandonou. Circulo lentamente, por cada uma delas, à procura, à procura de algo. Que não está lá. Só o vazio as percorre, incauto, sem se aperceber que também eu ando por ali. Parece que toda a gente correu exactamente para o sítio de onde eu fugi... Para lá, onde a minha imaginação receia desejar me levar. Para onde eu receio querer estar. Até o céu está demasiado longe, a sua humidade tocando-me ao de leve como que dizendo que também me deixa para trás. Como que me chicoteando com um remoque maldoso, um dizer distinto de abandono, de pena, de "pobre coitado"...
Tudo isso ainda me deixa mais alheio a tudo. O que não é, obviamente, o que abunda por aqui. Ou por ali, sei lá... Já não sei onde estou. Por onde ando? Onde vim parar? Que lugar é este que não me conheço aqui? Se ao menos pudesse estar lá fora ... Mas estou aqui. E foi aqui que vim parar.