Sabes... descobri agora que os meus olhos ainda conseguem ver muito. E que, por mais que eu achasse que a minha vista estava cansada, eu sei que conseguirei ver ainda muito mais...
Sabes... descobri agora que a idade de uma pessoa é, no fundo, a idade daquilo que os seus olhos viram... De todas as dores que sentiu, de todo o Sol que passou por entre as suas pestanas... quente, decapante...
Sabes... descobri agora que perdi. E que, por mais que eu tenha visto tanta coisa, nunca mais irei conseguir ver tudo. Porque há tanto que ( já ) não percebi, que não mais o resto irei conseguir perceber.
Mas sabes que mais Avô? Afinal de contas, tinhas razão. Porque o ver não é ter. Não é reter. Não é entender. O ver é, mais que tudo, sem olhos, ser. Sem olhos, poder. E com os olhos, merecer.
Sabes que mais? Eu fui tudo isso. E morrerei, a sê-lo.
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