Ao ninho. É tão bom. Poder voltar.
Sei que de lá saí, a minha vida diz-me isso todos os dias. Tu dizes-me isso todos os dias. "Já não te conheço", "não sei bem quem és". Todos os dias. Todos os dias isso ecoa pela minha cabeça... Mas por mais que tudo isso me custe ouvir, me fira, me faça sentir ainda mais perdido - eu sei que não percebem, mas gostava... -, é sempre tão bom voltar. A ti. Por mais tempo que esteja longe, mesmo não sentindo que seja necessário teres-me, por mais que inconscientemente me queira afastar, tu estás sempre lá, à minha espera... Sempre.
Quando volto há quase sempre chatices. Eu e eles, discutimos. Nós brigamos. Já quase que faz parte de uma rotina cega e surda, como se tudo aquilo justificasse algo em falta, tentando compensar algo que perdemos há muito e receamos admitir. Como crianças. Receamos. Mas há algo de mágico também. Muito mágico. Faz-me repensar no meu canto, sentir-me ainda mais aconchegado no meio das frias noites, dos longos dias, numa redoma contra a depressão que fuça a minha resistência, num esforço eterno para me abalar. Sinto-me tão bem. Em ti. E sabes que mais? Pelo-me de medo por te recear perder! Todinho! Sinto-me tremer, como se tudo o que eu alguma vez fui (se alguma vez o aconteceu) se sentisse abalar... O que seria de mim sem ti? O que seria de mim sem o meu ninho, o meu cantinho longe do nada, perto do tudo que tantas vezes falta me faz? Porque é que só aí me sinto eu??! Se te quebrasses meu tesouro , acho que iria ficar sem o aconchego que ainda me suporta, que resistirá à passagem do tempo e perderei a única coisa que possivelmente me conseguirá definir enquanto eu, mesmo depois de isso já ter sido varrido da minha memória... da minha existência. Sinto-me a perder-me de mim mesmo... escapa-se tudo o que sou por entre mim mesmo, sem nada poder fazer... Luto. Por vezes. Perco. Sempre.
E no final, quando já nada de mim restar, estarás lá tu como sempre estiveste, expectante, na ânsia de me ver voltar e de me acolheres... sim, me acolheres, a mim... Obrigado...
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