Eu julgava ser um universo em expansão, jovem, vigoroso e seguro.
Mas quando eu te encontrei, tu já eras uma galáxia proeminente, há muito estabelecida.
Naquela noite partilhei contigo o meu mundo e o meu universo ansiou englobar a tua constelação. Viajámos pela noite, numa dança de nebulas, qual gigantes gémeos num desejo partilhado em silêncios... os mesmos silêncios explosivos com os quais a criação do mundo foi feita.
Eu ouvi-te e tu ouvias-me.
No toque sentido, crescemos, juntos.
Apertei-te bem contra mim e senti que nos fundíamos num sonho de noite de verão.
Nessa noite tão cheia de estrelas...
Nessa noite em que me disseste que nunca te havias sentido tão vazia.
Senti o meu mundo desabar...
Senti que mil teorias de supercordas não conseguiriam explicar a recessão que ocorrreu no meu espaço.
Senti tudo a ficar escuro, tão apertado me senti que fiquei sem ar...
Naquela noite, deixaste-me e eu não fui capaz de ir atrás de ti e senti que, para sempre, te perdi.
Naquela noite em que fiquei mesmo sozinho, parecia que todo o cosmos não era suficiente para me esconder.
Senti que era de mim mesmo que fugia, numa corrida louca, num carro que não pararia de voar, por mil galáxias a devorar, para aquele sentimento esquecer.
Naquela noite aprendi que não bastava sentir-me um universo se não tivesse um coração, nem que fosse do tamanho de um cometa...